O café quase intocado

Ai, que delícia... vou falar de café? Claro que não. Até mesmo porque nem tomo, pois não posso. Sou quase uma viciada em abstinência... apenas sinto o cheiro agradável e pronto... tenho enxaquecas adoráveis. Daí... usei a referência do café num livro que escrevi, apenas sentindo o cheiro... mas sem nunca poder tomá-lo efetivamente.
Pois bem....
Apenas um café. Ops. O livro é Apenas um toque.
A autora é uma fofa... MS Fayes... conheço pessoalmente. Gente boa pacas. Serião.
Mas enfim... vou falar do livro dela, não dela. Hahahhahaah...

Eis que o livro tem uma capa fabulêsca que dá margem para zoações épicas como mudanças bruscas de título como: Apenas um copo... Apenas um gole.. Apenas um... whatever. 
Mas chama-se Apenas um toque por um motivo. E não, não estamos falando do exame de toque de próstata, caros amiguinhos de mente poluída. Estamos falando daquele momento do toque singelo e doce entre duas almas que pá! Tomam choque... e não, não estamos falando de choque porque pegaram na tomada ou fio desencapado... estou falando da eletricidade latente do Amooooooor...
Foda-se. Insta Love... whatever. Povo taxa assim atualmente, né? Adorei esse termo. Nunca tinha ouvido. É coisa adolescente? hehehhehe. Curti pacas.
Mas enfim... rolou a faísca espocante entre os dois.
Maaaaaas... antes que tudo acontecesse, Adam, nosso elegante macho da espécie que ostenta a capa do livro, o ser elementar que está parado àquela janela imensa e garbosa com vista para uma Manhattan fabulinda, foi tomar um café. Na capa ele está afogando as mágoas num copo de uísque, que fique claro. Ele não está tomando um café ralo num copo de requeijão, por favor... Hahahaha...
Adam estava passeando pela floresta de pedra em Wall Street. Precisava respirar. Desceu do carro elegante com motorista próprio e apenas informou ao cara:
- Vou ali tomar um café naquele agradável estabelecimento.
E foi.
Lá... eis que surge pululando como a Fada Sininho, com um sorriso doce e sapeca, servindo aos clientes com candura, mesmo que esteja exausta. Mila é uma fofa. 
Daí o povo lê e já pensa: eiiiita, porra... lá vem a mocinha pobrinha. 
Eeeei... vamos ser felizes... eu até podia, ops, a autora até podia ter feito uma mocinha bem de vida, mas que graça teria? Bem, na atual conjuntura, claro. Há livros e livros. Certo? Calhou que nesse enredo, o fato da mocinha ser a atendente que encantou o rapaaaaaaz é o que deu o motivo para que ele voltasse ao estabelecimento no outro dia. E no outro. E no outro. 
Adam ficou na admiração por alguns meses, como um cliente qualquer. Não como um creepy stalker como muita gente poderia pensar. Ele apenas gostava de observar a forma como Mila tratava as pessoas, com gentileza, educação, atenção. Não havia maldade ou lascívia em seu olhar especulativo. Ele a admirava ao longe. Sempre pedindo um café e um brownie. Claro que ele malhava depois pra queimar as calorias. Graças as céus a autora não especificou de que maneira era esse gasto... se era com outras mulheres ou não. Ufa.
Enfim... eis que certo dia ele cria coragem e pá. Chama Mila para um encontro. 
Oooooooiiiii.... mano... Mila olha para o exemplar da Vogue Men Magazine e pensa: Wadarréu? O que um homem desse porte quer fazer comigo? 
Gataaaas... sejamos realistas... homens bonitos sabem que são bonitos. Isso é um fato consumado e atestado. Eles sabem e têm plena consciência de seu poder de conquista. Sabem o efeito que causam nas calcinhas das mulheres. Por favooooooor...
Óbvio que a Mila pensou: esse cara, gato desse jeito, com esse terno e sobretudo, cachecol galante, um perfume sexy ( porque vou dizer... o cheiro do café não conseguiu disfarçar o cheiro gostoso do cangote dele quando ela passou e abaixou um pouquinho para aspirar), olhos magnéticos, boca arrasadora... dentes perfeitos, músculos fantásticos ( e aqui ela se perdeu e divagou longe...)... óbvio que esse homem deve ter um quilo de mulheres atrás dele. Que deve estalar os dedos e ter todas que quiser. E por que o interesse em mim? Uma simples batalhadora do café? Que lhe serve os brownies do dia a dia?
Veja lá... Mila não tem problemas de autoestima. Ela se acha bonita, mas tem plena noção de que existe um abismo social entre eles. 

Mano... qualquer mortal veria isso. Eu já passei por isso, porra. 

Enfim... Adam recebe uma leve rejeição, não tão brutal quanto Mr. Darcy, mas não desiste. Ele engendra um esquema para que Mila entregue alguns doces em seu escritório. E muitos devem ter pensado... pobrezinha... a pobre Chapeuzinho indo ao encontro do Lobo Mau.
Hahhahaha...
Não, caras amigas. Adam é um lorde. 
Calhou que no dia em que ela foi, Mila estava se sentindo péssima. Uma forte gripe ( ainda bem que não era a H1N1) havia acometido seu corpo a deixando combalida. 
O choque de vê-lo atrás da mesa imponente, associado com o vírus insidioso dentro de seu corpinho acabou fazendo com que ela tivesse um pequeno mal-estar no local. Geeeeente... eu adooooooooro mocinhas que desmaiam nos braços dos mocinhos! Acho isso lindo! Épico. Emoção pura! Tão vintaaaage!
Sempre quis dar uma desmaiada nos braços do meu husbie, mas uma: sempre calhei de desmaiar longe. Bosta. Duas: Tenho medo do infeliz não me carregar adequadamente e fazer como as cenas dos livros, e acabar me depositando no chão, aí cagou a imagem romântica toda na minha mente. Bosta dupla.
Então, melhor eu desmaiar quieta no sofá mesmo. Hahahhahahah...
Pera... acho que a Mila desmaiou no sofá. Foi isso, produção?
Enfim... Adam viu seu estado periclitante. E cuidou de sua saúde como um gentleman. Chamou a doc da empresa, pagou os remédios. Levou a mocinha pra casa.
No dia seguinte, ainda foi vê-la, para averiguar se estava bem.
E aí teve início. Ele deixou claro que o movimento de xadrez do dia anterior apenas tinha sido o início da partida do amooooor. Porra... o cara tava fisgado, gente. Mila é que é lesada e demorou a ver.

Foi um lance rápido. Alguns dias de amor lindo e frenético. A descoberta dos momentos ardentes e sem febre do vírus. Hahahahha... O toque referido. Esse... Apenas o toque das peles. Ah, que lindo. Foi explosivo. Fez um booom. 
Daí o Adam pegou o vírus da Mila. Obviamente. Daaaah... Vamos pensar. O cara trabalha pra caralho. 
Estava com a imunidade baixa. Estava há meses mudando a rotina e sem tomar café em casa, no apartamento luxuoso, porque queria tomar o café na delicatessen onde Mila servia. Daí... ele pegava friageeeem... e ainda trocou uns fluidos loucos com a mina que tava dodói. Pronto. Gripou.

O que a mocinha faz? O que toooooooda boa mocinha deveria fazer, porra. Vai cuidar do macho dela.
Mas eis que surge um entrevero no meio do caminho. Um puta mal-entendido na versão puta mesmo. Uma socialite puta macabra nojenta e do mal. Que se acha a rainha da cocada preta e fala uma asneira pra Mila.
Vamos lá. Em tese, Mila está com Adam há poucos dias. Os dois tiveram um envolvimento relâmpago. Por mais que já se "conheçam" há alguns meses porque ele sempre está na deli, o relacionamento realmente só engatou depois. 
Então... muita coisa poderia estar oculta. Como o que a viada loira ( nada contra as loiras, gente... a autora disse que na hora estava sem escolha de tinta da cartela de cores da Koleston...) contou à Mila.

Mila saiu em uma desabalada carreira e fugiu. Sumiu. Desapareceu. Escafedeu-se. Ouviram a música dos anos 80 do Blitz? Praticamente ouvi em minha mente agora... "perdi meu amor... no paraíso..." Desculpa... divaguei. Hahhahaha...

Tá. Onde eu estava ?
Okay.
Eis que entra no babado Jeremias, Maconheiro sem-vergonha que organizou a roconha e apareceu por lá. Puuuuta que pariu! Mentiraaaaaaaaaaaaa... hahahah to zoando. Mas apareceu o Vic. Amigo da Mila. Um fofo. Mas meio surtado das ideias e com uma preocupação monstro de que algo de mal pudesse acontecer com a amiga.
Os dois têm uma história de vida, um passado conturbado ( nada romântico), e muita coisa se desencadeia por conta disso. 
Mila atende ao que Vic fala e com medo de não ter forças suficientes para lidar com os sentimentos que a perturbam, vai. Vai embora. 

Uma pausa para um respiro aqui.
Bebi água.
Masquei um chiclete.
Muita gente sente rancor da mocinha durante a leitura. Eu considero o seguinte... nos coloquemos no lugar da pobre. Okay? Ao menos por um instante. Pergunte-se se fosse você, o que faria. Tudo bem... muita gente diria que agiria de maneira diferente... mas o que é mais legal no esquema aqui é que é um livro. Ficção. Se não tiver uma reviravolta, uma ação abrasiva, o livro não tem mote. Não tem gancho para uma cena que puxará outra.
Então... Mila precisou tomar uma atitude drástica.
Que culminou na imagem da capa do livro. Num Adam pensativo, triste e arrasado. Com um copo de uísque.
Tadinho.



Mano.
Rola o paranauê básico que adoro nos livros. A-do-ro. 
Mocinha pá! tem um segredo. O tempo passa. O tempo voa. Mas a poupança Bamerindus já nem está numa boa...
Quase dois anos depois... tcharaaaaaaaaam... eis que os dois se reencontram. 
E uaaaaau.
Bastou APENAS UM TOQUE. Pra que os sentimentos despertassem todos de novo.
Mas precisou rolar todo um lance de perdão nesse meio-tempo. Adam precisou perdoar Mila pelo sumiço. Perdoar por manter o segredo épico que escondeu. Mila precisou SE perdoar por ter visto que agiu como uma idiota infantil. Viu? Ela mesma assumiu.
O importante é que ela teve peito e coragem para admitir os erros. E ele teve amor suficiente para perdoar e retomar aquilo que sempre achou que foi seu: o amor dela. 


Olha... Essa é a história do livro.
Clichê? Probably. Porque o mundo do romance, sem os elementos clichês não seria nada. Teria que ter sangue, morte, separação eterna e fim lamurioso para que não fosse clichê.
Admiro os autores que sabem escrever um romance e ainda assim conseguem abordar elementos FORA do clichê, maaaaaas... se você analisar intrinsecamente, TODOS os livros terão as pontas elementares do universo clichê que permeiam o imaginário das leitoras. 

O que surpreendeu foi que muita gente associou o Adam ao Sr. Grey. WHAT? Comassim? O cara nem tem um quarto da dor, não usa algemas, chicote, não tem perversões sexuais, não é kinky, não tem tara, e, pasme... não chega com um contrato na cara da mocinha. Ah... mas ele é alfa e dominador. Sim. Mas não é DOM. Existe uma diferença enoooooooooorme entre um conceito e outro. 
O macho alfa que assume a liderança, preza pelos cuidados, segurança, conforto e na hora do sexo faz questão de satisfazer a mocinha com tudo de si. Ele é o alfa. Domina com a essência, para que ela saiba que é sua fêmea escolhida. Porra... mas isso é muito animal. Credo. Mano... vamos lá... MR. DARCY é um alfa. Por favor... quem nunca viu isso é cego. Ele pode ser um lorde, whatever... mas é alfa. Do fio do cabelo elegante à ponta do sapato. Não é à toa que interferiu na vida da Jane e do Mr. Bingley, não é à toa que chegou na Elizabeth e já foi falando "tô caído de amor por você, mesmo você não sendo de berço..." Oiiiii... 
Militares, MCs, Mafiosos, Bad boys, roqueiros, policiais, CEOs, cowboys, jogadores, VAMPIROS, shifters, aliens... a caralhada toda dos mocinhos que habitam nossos livros são Machos alfas.
Basta observar.

Mas... Adam meio que irritou algumas leitoras. Hahahha... com suas atitudes muito... sei lá. Ele levou um suco pra Mila, porque ela estava doente. Ele deu o remédio pra ela por causa da febre. Ele quis ter certeza de que ela estava se cuidando. Fez o jantar pra ela... meu Deus... que atitude impensada desse homem. Ele foi muito Grey.

Vamos ao meu momento divagante aqui. Ramuh lá... EXISTE VIDA ANTES DE CHRISTIAN GREY.
Digo, existem referências aos mocinhos antes da existência do Grey...
Hoje todo mundo compara a ele. Tipo... é CEO? Nooossa... mas fez igual ao Grey.
Não, gente...
Essa fórmula clichê referida de mocinho rico, milionário, bonitão etc, versus mocinha menos abastada, jovial e batalhadora é uma fórmula explorada já dos idos anos 80, 90... de romances de Banca, Julias, Sabrinas, Biancas. 
Minha formação literária florzinha vem daí. As referências até mesmo para escrever as cenas românticas são daí.
Não de Christian fucking Grey ( nada contra...). 
Já divaguei sobre a Trilo dos 50 Tons. Já parodiei 50 Tons... Mas vamos lá... why? whyyyyyyy... por que eu teria que ficar focada na concepção de um macho, que na verdade foi concebido embasado nos que já existiam antes dele?

Sacaram? 

50 Tons é um puta clichê também... porque usou referências dos livros de bancas... nooooossa... e ainda usou o plot de fanfic do casal badalado do momento à época, Edward e Bella, de Crepúsculo. Oooohhh...
CEO rico, cheio da grana e atormentado... mocinha universitária tapada e desengonçada. 

Crepúsculo é clichê porque usou fórmula de outros livros com amor entre vampiros e humanos, com a diferença que Stephenie Meyer inovou na parada e colocou adolescentes na jogada. 
Vá ver a série Dark Hunters, da Sherrilyn Kenyon, quando começou a ser escrita. Antes dos anos 90.

Qualquer livro de viagem do tempo também é clichê porque se baseou na fórmula de Outlander... de Diana Gabaldon... que começou a ser escrita há mais de 20 anos. 

E porra... pasmem... Diana Gabaldon usou uma fórmula de viagem no tempo de Hannah Howell... autora de romances históricos... Caracas...

Viram? Clichê é isso. Usar elementos que já existiram, que existem, que habitam o imaginário literário, que preenchem as fantasias das leitoras, criando histórias a partir dali... com roteiros distintos. Aí cabe ao autor realmente delinear um roteiro diferente, mas os elementos básicos estarão lá. Isso é fato consumado.

Divaguei.

Só pra dizer que sim... Apenas um Toque é um romance florzinha. Com elementos clichês. Há um milionário, mas não... ele não é DOM. Não é abusivo, mas é alfa. E há uma mocinha mais carente de finanças e com uma história de vida familiar estranha. Mas é batalhadora. Estuda, tem boas notas e trabalha. Gente como a gente. E por que não? Como é fantasia... calhou que essa mocinha fez revirar os olhinhos do bonitão de Wall Street. Ele não levou a moça pra dar um voo por cima das copas das árvores no cangote dele, nem mesmo num monomotor.. asa delta, foda-se... whatever... hahahha... mas ele pode dar um certo luxo e regalias que ela nunca antes imaginou ter. 
Juro pra vocês que livro deveria servir apenas pra isso. Fazer o leitor ter um momento de viagem cósmica e se divertir. Pensar por um instante: "caracas... quisera eu ter a facilidade de um jatinho..."

Pronto. Só isso. Nada mais do isso. 



 Então... se você curte um romance despretensioso... com cenas sexy e nada gráficas, apenas sensuais e não ardentes nos zói... é uma leitura que talvez te agrade. Vá preparado para sentir alguma irritação com a mocinha. Mas depois você estenderá o perdão a ela. Certeza. E vá preparado para momentos de tensão... porque a autora deu uma aloprada sinistraaaaaaaaaaaa do meio pro final. Hhaahahahahhah...

Como diria o meme do momento... é pra te deixar "impactada"...


7 comentários:

  1. Ahhhhh eu adoro divagações. E adoro o Adam. E agora?!?!?! Rsrsrsrssrs
    Eu como sou uma leitora mais experiente, digamos assim para as pessoas compreenderem que não quero discutir minha idade, leio romance para me aquecer o coração, não pra ficar nessa sangria desatada das comparações. E o clichê, meu parveirão, amo com força.
    Entao manda mais romance que está pouco.
    Bjs

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  2. Amei... Clichê é vida!!!
    Mania do povo ficar fazendo comparação... Mais amor, por favor!!!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Concordo c vc Martinha, os clichês já existem a décadas e alguns até a séculos e estão aí para serem usados. Adoro A MS e suas histórias.

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