Viva as Crianças

Não há nada melhor que crianças a nossa volta. Na época do natal então, é simplesmente maravilhoso ver o movimentar dos presentes, o rasgar de embalagens, os pedidos ensandecidos por mais, mais e mais…

Para estas criaturinhas adoráveis, quantidade é sinônimo de poder e quanto mais melhor. E daí, o Discovery Kids é um canal da TV paga que deveria ser banido do país, pela perspicácia de ficar passando propagandas com brinquedos em intervalos regulares de 10 em 10 segundos. AWFUL.

Pois bem…não obstante a comercialização de produtos insólitos, como brinquedos musicais que eu adooooooro, nos deparamos com o famoso momento birra alheia. Explico. Se você tem a audácia de negar a seus pequenos projetos de gente, qualquer que seja o item que eles achem que deve ser deles naquele instante, o choro e ranger de dentes aparece e cria-se uma quizumba. E drama vai, drama vem, você acaba tendo que se engalfinhar em uma luta de poderes. Porque crianças de 6 e 4 anos são fofas….mas já nascem com poderes sobrenaturais de argumentação.

Daí, bronca vai, bronca vem, as doces criaturas ainda tem o descaramento de responder você, que pariu as mesmas. E você se pega pensando em quê? em quê? Naquele livro que você leu há um tempo atrás, onde tinha uma personagem infantil que era uma mega fofa, super respeitadora e delicada e tal.

Deixa eu explicar melhor. Todos os livros que leio que tem personagens mirins, seja de qualquer idade, me deixa deprê pra cacilda. Eu termino o livro me sentindo um lixo de mãe. E sabe porque? porque nos livros as crianças são umas mega fofas, super educadinhas, não fazem birras homéricas, não desrespeitam os pais, dormem na hora certa, estudam pra caracas e você lê as cenas e faz….awwwww….

Nos livros, eles tem diálogos abertos e gentis. Se a mãe diz não, eles dizem : tudo bem mommy…

Se a mãe dá um pagadão, quase que desnecessário, porque eles não fazem malcriação, não aprontam e não tocam o terror, tudo se resolve numa boa logo depois e viva!!!!, você termina o livro sentindo que sua relação com seus próprios filhos precisa da intervenção urgente da Super Nanny.

Já cheguei a ler um livro onde a mocinha tinha um bebê de menos de dois anos, que  tinha um vernáculo de fazer inveja em qualquer gênio da literatura. Os diálogos da mãe com o filho me deixavam com aquela expressão na boca: “ahhh? “ e daí eu pensava…caracas….esse moleque é muito esperto, gente….e daí, eu vasculhava lá no início do livro para ver se eu tinha lido a idade da criatura certo mesmo, ou se era um adolescente e eu não tava assimilando direito. Uau. Os bebês literários são suuuuuper precoces.

Juro pra vocês. Eu sempre termino de ler um livro onde tem uma criança com um leve sensação de inveja literária, esperando que a vida imite a arte e a ficção se torne realidade. Que Roarke que nada, gentem….eu quero é uma garotinha super mega fofa que aceita não como resposta sem reclamar, que durma na hora que eu mandar e coma todo o papázinho gostoso que eu fizer. Que fale assim pra mim : “Mamãe, vou dormir mais cedo hoje, já que você está cansada e amanhã eu te ajudo a guardar todos os meus brinquedos espalhados pela casa. Depois, eu vou tomar o meu café da manhã e pintar meus desenhos com crayon e guardar tudo na minha caixinha. E depois, eu vou tomar o meu banho , sem molhar todo o banheiro e deixar você ler seu livro favorito, enquanto eu assisto bem baixinho um desenho super educativo na televisão, tá bom? “

Oh, céus….será que sou muito cruel em apenas querer isso? hahaahahhahah Até nos nossos livrinhos queridos as autoras deixam sua imaginação correr solta na hora de criar seus próprios rebentos, não é mesmo?

 

Bjuuuuuu